sábado, 12 de novembro de 2011
SE: Demitido tem seguro-desemprego negado acusado de C.C em prefeitura
Com informações do cinform, leia abaixo!
A miséria e a falta de informação costumam ter consequências cruéis na vida das pessoas que ficam às margens do sistema e sem domínio sobre o próprio destino. A história da família do cortador de cana Roberto Vieira é um triste exemplo dessas incoerências sociais. Casado com Gicelda Santos e pai de dez filhos, Roberto deu entrada no seguro-desemprego no começo do ano passado e ficou sem receber duas parcelas do benefício. Motivo: de acordo com o Ministério Público do Trabalho - MPT - Roberto estaria empregado na Prefeitura de Muribeca. Fato que ele mesmo desconhecia e que inibe o pagamento do benefício, pois, oficialmente "não é" um desempregado.
O seguro era a única fonte de renda da família de Roberto, que mora em um casebre de taipa no povoado Várzea da Onça. Como ele é analfabeto e sua mulher também, pediram ajuda à filha mais velha, Marluce Santos, para ver o que estava acontecendo. A moça reuniu todos os documentos do pai e procurou ajuda, mas de nada adiantou. "O moço do ministério disse que precisava de um advogado para provar que meu pai não estava trabalhando, mas a gente não tem dinheiro e não sabe andar em Aracaju", diz Marluce.
De fato, o trabalhador rural constava como funcionário da prefeitura. De acordo com portaria publicada pelo município, ele foi contratado em março deste ano e exonerado no mês de agosto em um cargo comissionado de assessoria. Segundo a família, eles não receberam dinheiro algum referente a este cargo e ainda foram prejudicados com a situação. Em setembro, Roberto voltou a trabalhar no corte da cana, atividade que exerce por temporadas. "Mesmo empregado agora, o dinheiro das parcelas que não me pagaram faz muita falta, mas a gente vai levando", conforma-se o trabalhador.
COMPENSAÇÃO
A prefeita Sandra Maria Conserva, DEM, confirma que a prefeitura costuma dar uma espécie de ajuda à família, desde que um dos filhos de Roberto morreu na lixeira da cidade, em janeiro de 2009. "Ele é um homem honesto, trabalhador, e sempre que ficava desempregado e sem receber benefício nós o contratávamos", revela. Segundo ela, nos períodos em que ele esteve contratado, o dinheiro foi depositado corretamente. Sandra não soube precisar a quantia e nem mesmo o número de vezes que o cortador de cana esteve empregado na prefeitura. Dona Gicelda garante que as poucas vezes que receberam o dinheiro, a quantia foi de R$ 350 - o que está abaixo do salário mínimo.
O mais impressionante é que, após quase três anos, a família nunca teve acesso ao resultado da necropsia de A.V.C., que morreu aos 11 anos catando garrafas plásticas no lixão. "Eu pedi esse resultado algumas vezes na delegacia, mas eles disseram que nunca receberam nada", diz o pai. As suspeitas levantadas na época foram de que o menino morreu após ingerir comida estragada, ou de ter se infectado com algum material de lixo hospitalar.
Segundo dona Gicelda, Mimiu - como era chamado o garoto - sempre foi um filho exemplar, dedicado e cuidadoso com os irmãos. "A dor não passa e não tem nada que vai trazer ele de volta", diz emocionada. Abraçada aos filhos mais novos, a mãe informa que o pior de tudo é nem saber o motivo da morte do filho. O pai também não se conforma, mas nem sabe como e a quem recorrer. A única certeza que Roberto tem é que os seus filhos precisam estudar. "Quero que eles tenham uma história diferente da minha. Cabo de enxada não dá futuro para ninguém", considera.
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